sexta-feira, 3 de junho de 2011

Dia da Espiga

Sempre gostei dos raminhos de espiga porque são campestres, coloridos e muito alegres. Ontem a minha mãe ofereceu-me 1 e despertou em mim recordações da infância.
Lembro-me que em casa dos meus pais sempre foi tradição pendurar anualmente na cozinha um raminho de espiga para dar sorte. O mais engraçado é que descobri hoje a explicação para um acontecimento misterioso (quase milagroso) a que assisti quando era pequena associado a este dia.
Numa certa 5ª feira de Espiga a minha mãe guardou, para além do ramo da espiga, um pão que nunca, mas nunca mesmo se estragou com o famoso bolor. A carcaça esteve anos guardada no móvel da sala, junto ao serviço de jantar e de chá, ficou dura como pedra e intacta até ao dia em que teve o seu trágico fim...e foi para o lixo!

Ora bem, aqui fica uma pequena explicação das ideias que suportam todos estes símbolos:

A verdade é que o Dia da Espiga coincide sempre com a 5ª feira de Ascenção.
Mais uma vez, neste caso, tal como em outras celebrações (Carnaval, Páscoa, Natal, etc...) o religioso aproveita e acompanha o simbolismo pagão.
Era tradição neste dia ir para o campo celebrar a Primavera e a Natureza. A festa era rija e ninguém trabalhava nesse dia para celebrar o renascer da natureza depois dos dias frios de inverno. É aqui que se associa a celebração religiosa, porque a 5ª feira da Ascenção (40 dias depois da Páscoa) celebra a subida de Jesus ao céu, o renascer, a nova vida.
Por isso, este dia é considerado como sagrado e místico e eram colhidas várias flores do campo cada uma com um significado e agrupadas em raminhos que eram pendurados nas casas da famílias como amuleto para trazer a abundância, a alegria, a saúde e a sorte.

Espiga=Pão
Folhas de Oliveira=azeite e claro, a luz
Malmequer branco e amarelo=prata e ouro ou a riqueza
Papoila=Amor e a vida

Fiquei a saber que este dia carrega, no bom sentido claro, os mais sagrados e maravilhosos poderes da natureza. Diz-se que é o Dia da Hora e, do meio dia às 13horas “as águas dos ribeiros não correm, o leite não coalha, o pão não leveda e até as folhas se cruzam”. Cá está a explicação para a "eternização" do pão que a minha mãe guardava lá em casa.
E pronto, resumidamente é assim o Dia da Espiga ou Quinta-Feira de Ascenção...flores do campo e um pãozinho, carinhosamente guardados para celebrar a vida e para que não falte o essencial em cada casa.







Eu já tenho o meu raminho e o meu pãozinho guardados !