quinta-feira, 9 de março de 2017

Beijos onde?

Faz-me um bocado de espécie aquela moda nova de enviar “beijos no coração”.
A sério que fico sempre assustada com as pessoas que põem a hipótese de dar beijos no coração de outras. É poético eu sei, mas é sanguinário e cruel ao mesmo tempo.
Acredito que seja apenas uma metáfora fofinha e carinhosa, mas ao mesmo tempo é trágica, muito trágica.
A verdade é que mataríamos em segundos aquelas pessoas por quem nutrimos sentimentos tão ternurentos e tanto carinho se as beijássemos no coração.
Desconfio sempre das verdadeiras intenções de quem “dá beijos no coração de alguém”…não consigo evitar e penso sempre da cena do ritual no filme do Indiana Jones e o templo perdido em que um moço com ar lunático arranca corações a outros e os segura na mão…será que era só uma expressão de amor fraterno e a intenção era dar beijos carinhosos??

É que quando nos encontramos cara a cara com um amigo ele não nos diz com um sorriso “Ora faz lá um golpe no peito, retira o teu coração para fora para que te possa dar beijos enquanto o teu coração espirra sangue a cerca 1,5Kms/hora e faleces em segundos”. Porquê? Porque sabemos que seria uma morte rápida e com muito sangue. Ficávamos sem amigos e ainda por cima teríamos que limpar sangue num raio de vários metros.
Pergunto-me então como devemos interpretar a coisa quando nos enviam beijos no coração?
De forma poética, apanhamos os beijos com a mão e encostamo-la ao peito recebendo assim os beijos metaforicamente? Ou devemos recusar e dizer que preferimos os beijos no seu formato tradicional na cara ou, em casos mais apaixonados, na boca?
Sinceramente acho que se queremos ser super fofos e dizer aos outros que gostamos muito deles não precisamos de fazer a coisa como se estivéssemos a estripá-los para provar o nosso afecto.

Se queremos usar fofura, podemos juntar as palavras “beijocas” e “bochechas”. Beijoca é super fofo e Bochecha é mega querido.

Vá lá “Beijocas nas bochechas” é um clássico amoroso, muito mais amigável e, em princípio, não implica matar alguém.



quinta-feira, 2 de março de 2017

Moedas de Estimação


No supermercado fui pagar numa caixa com uma esteira rolante com rolos de plástico, fiquei a perceber depois que é uma esteira traiçoeira e manhosa por sinal.
Para facilitar o troco a senhora perguntou-me se eu tinha 0,08€. Abri a carteira e saltaram-me de lá 2 moedas que se enfiaram mesmo no espaço estreitinho entre os rolos de plástico cinzento e...desapareceram. "Aaah as minha moedinhas caíram para aqui!!"
A senhora perguntou-me que moedas eram e eu respondi "são moedas estrangeiras", assim como quem diz: "ah sim, deves achar que me vou embora e deixo aí as minha moedas, deves deves!".
Ela chamou duas colegas que, com ar de enjoadas, vieram com uma tesoura na mão e não conseguiram levantar a passadeira de rolos...as enjoadinhas!
Chamaram um colega da manutenção e foram embora, não sem antes me lançarem novamente o seu ar aborrecido.
Lá apareceu um rapaz com 2 chaves de fendas na mão e a quem a rapariga da caixa fez questão de referir novamente "são moedas estrangeiras!".
O rapaz, que era simpático, sorriu e levantou a passadeira. Havia um monte de moedas lá debaixo. O rapaz perguntou-me "então e estas moedas não são suas?" e eu disse-lhe "não, as minhas são só duas e são estrangeiras. Fica aí esse jackpot!".
Recuperei 1/2 franco suiço e 25 centavos cubanos, o equivalente a 0,70€.
São moedas de estimação! 



terça-feira, 17 de janeiro de 2017

Bee Movie 2 ?

Um dia destes íamos no carro a caminho de um almoço de família e reparámos numa abelha agarrada ao vidro. Decidi (em conjunto com a minha filha) que iríamos continuar caminho e que não ia ligar os limpa brisas para não espalmar a abelha e seguimos caminho sempre com a abelha ali agarrada com unhas e dentes. 

Comentámos "olha que giro hein, parece que estamos na sequela do filme Bee Movie,será que fala?". 
Como não queríamos matar a abelha decidimos deixar que a natureza seguisse o seu curso e deixar que o vento a levasse.

Entrámos na autoestrada, fizemos 24 Kms sempre a 70-80Kms/h até ao destino sempre com a criaturinha colada teimosamente ao vidro. Nos últimos kms começou a chover, não eu liguei os limpa brisas porque mantive-me fiel aos princípios e ao que tínhamos combinado e não quis matar a desgraçadinha. 

Quando chegámos, peguei um bocado de papel, tirei a bichinha e deixei-a no tronco de uma árvore. Não quero saber se as abelhas falam, têm nome ou têm família como no filme, mas são bichos incríveis, fazem mel e mais importante...polinizam. São essenciais para o equilíbrio do ecossistema e se deixarem de existir, a vida na terra desaparece em pouco tempo. Adoro abelhas!

Pode ter passado um pardal guloso que a viu, gordinha, ali mesmo a jeito na árvore, a achou apetitosa e a comeu, mas gostamos de acreditar que sobreviveu.